Sob os braços do vento gelado e em uma noite fria de sexta-feira, iniciou-se o festival. Foram horas de viagem, a ansiedade estava a mil, o corpo estava cansado, mas a cabeça dizia que sim.

Nada menos, nada mais, que um mar lindo e azul, mata atlântica inexplorada e areia branca foi o local do nosso ponto de encontro. Em clima de aconchego, iniciou-se o Respect Pocket Edition. Embalados por reggae, forró e rock, adentramos noite adentro. Roda de fogueira, pessoas conversando e as ondas do mar como cenário final.

Nada poderia ter sido mais perfeito. Pois bem, nesse primeiro dia, a exaustão venceu e não ficamos muito. Nós tínhamos que nos resguardar. Seriam mais dois dias e duas intensas noites de festival.

O nosso ponto de descanso foi a Pousada Namastê. Simples, perfeita e mística. Um local para se “brisar” à vontade. A decoração interage com o universo dos festivais e com você. Permitindo viagens incríveis. Iniciado efetivamente no sábado o primeiro dia de festival.

O dia estava lindo, o sol brilhava intensamente e pela primeira vez pudemos ver a festa durante o dia. Todo o cenário era um misto de psicodelia, natureza e paz. Cores vibrantes, pessoas vestidas livremente, vilas de artesãos, espaço interativo para os pequenos e um também a feira com quitutes de degustação. Eis que era dia de curtir, aproveitar o sol, o melhor da amizade e também da música eletrônica.

Na vibe de ritmos diferentes, deixamo-nos levar pela música que contagiava. Trance, progressive, eletro, full on, high tech, goa, entre outras vertentes. Esse foi o foco do festival. Festival que humildemente que resolvi chamar de Festival dos 3 Rs.: respeito, reciprocidade e da reeducação ambiental. São dias de pura convivência entre diferentes pessoas em um mesmo local, de diversos lugares, onde a palavra respeito é levada muito em conta.

Ali sim, independente de cor, religião, sexualidade ou idade, todos como num só, respeitam-se mutuamente, convivendo em harmonia, bem brigas, sem clima pesado, sem violência, sem furtos e roubos. A harmonia reina absoluta, tanto que os seus pertences podem ficar jogados pela festa que estarão no mesmo local quando você voltar. As pessoas são como são, desligando-se do material, voltando-se mais à raiz ancestral.

Intensa mesmo é a reciprocidade. Sinais de carinho, amor e companheirismo são espalhados e disseminados. Onde quer que você esteja no festival, na grande maioria todos te tratam bem, todo mundo se torna amigo de todo mundo e a coletividade é algo que ganha muita força. Inexplicável a sensação de ver e vivenciar tudo isso. Nada pior que ir a um lugar onde as pessoas não se misturam. Lá não, independente de como você está, você se torna parte da família Respect, que te abraça e te acolhe.

Para finalizar a reeducação ambiental que é algo acessório, que nunca damos tanta importância, também entra cena. Aqui com papel principal, mudas de árvores são distribuídas, o lixo é coletado e separado em cestos próprios para materiais recicláveis e orgânicos, catadores estão o tempo todo recolhendo o lixo para não degradar o ecossistema local.

Mas gente isso várias festas têm!! A diferença aqui é a consciência interna de cada um e por incrível que pareça a galera de festival tem consciência própria em não poluir, em não destruir e em não degradar. Então as regras que muitas vezes ficam no papel, são levadas à risca pela grande maioria que freqüenta o evento.

Parece ficção, mas não é. Ideal seria se o Mundo todo fosse assim. E eu não seria hipócrita de achar que todos que vivem aquilo no seu dia a dia. Mas pelo menos são sementes de conscientização, humanização e respeito disseminados e espelhados pelos cantos do Mundo. Cada um que sai de lá, tira e leva algo novo para sua casa. Mesmo que tudo seja diferente. Uma pequena semente foi plantada, uma nova esperança criada e um mundo melhor almejado. Foram dois dias de novas experiências, novas amizades e novos aprendizados.

Por fim, a nossa viagem encerrou-se com reggae da banda Planta e Raiz. Para relaxar um pouco mais música boa, mas dessa vez muito mais calma. O final pedia uma banda de reggae. E assim terminou nossa viagem. Era hora de partir. A realidade bateu forte e saudade ficou no ar. Ano que vem tem mais Respect, tem mais alegria, tem novas amizades e mais psicodelia e na próxima eu espero te ver lá.

Por: Diogo Rufino Machado
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